Obama e o Brasil

O texto a seguir foi publicado originalmente nos jornais Hoje em Dia de Belo Horizonte/MG e Jornal do Tocantins de Palmas/TO de 25/01/2009.

OBAMA SERÁ BOM PARA O MUNDO E PARA O BRASIL.

A posse de Barack Hussein Obama esta semana como 44º presidente americano voltou a acender o debate aqui no país sobre sua política externa em relação ao Brasil. Historicamente a presença democrata na Casa Branca sempre teve uma tendência protecionista, mais sensível às reivindicações dos diversos setores da economia americana quando o assunto são os subsídios e barreiras comerciais. Entretanto a atual conjuntura econômica mundial não permite uma analise tão fria, com base apenas na história. A economia global arrastou a crise para além do território americano, não bastará olhar para seu umbigo, onde quer que queira chegar, o novo presidente americano deverá esticar um pouco mais o pescoço, resta saber para que lado ele vai olhar. O Brasil ocupa um lugar significativo na economia mundial, mesmo que internamente alguns possam discordar. O país tem hoje a 11ª economia do mundo de acordo com o Banco Mundial, imediatamente a frente de Rússia e Índia, é a primeira da América Latina, apesar de um crescimento pífio nos últimos anos. Além deste significativo elemento econômico podemos destacar a importância geopolítica do país, tendo vizinhos como Venezuela, Bolívia e Equador o Brasil pode ser um aliado interessante contra os surtos de Hugo Chaves. É evidente que num primeiro momento as atenções do novo presidente estarão voltadas para a União Européia e China, principais parceiros econômicos dos EUA, além de Índia e Rússia. Isso ficou bem claro durante a sabatina pela qual passou a nova secretária de estado Hilary Clinton no Senado. De acordo com reportagem publicada na revista Veja, ao longo dos depoimentos Hilary citou três vezes a China, onze vezes a Índia e 25 vezes a Rússia, o Brasil foi lembrado uma única vez. Desta forma podemos construir a agenda econômica de Obama com a crise econômica interna em primeiro lugar, seguidos dos parceiros mais consistentes União Européia e China, Índia, América Latina e Brasil na seqüência.
Apesar de toda a preocupação que a posição de Obama em relação ao Brasil pode gerar é importante lembrar que o país não é tão dependente assim dos EUA e o fato de ser visto como um presidente protecionista não causa tanto mal assim. Além de termos um constante superávit na balança comercial com os americanos, as exportações e importações brasileiras estão bem diversificadas. O país mantém um equilíbrio na sua pauta de exportação entre EUA, União Européia, Ásia, Oriente Média e África. Há vinte anos o comércio com o país de Obama respondia por 26 % das nossas exportações, no último ano esta fatia estava em menos de 15%. Para se ter uma idéia, o México destina cerca de 90% de suas vendas aos americanos. Os principais produtos da cesta brasileira são ferro fundido, aviões, motores de veículos, além de produtos como álcool, açúcar, café e suco de laranja. O mais duro embate nesta gestão de Obama em relação ao Brasil deverá ficar por conta da questão energética, mais especificamente os subsídios do governo americano aos produtores de milho. Esta tem sido a pedra no sapato para o etanol brasileiro que é produzido a partir da cana-de-açucar.
O presidente Barack Obama terá uma árdua tarefa pela frente, esta é a única certeza que podemos ter. Tido como um bom negociador e diplomático, conseguindo acalmar um pouco mais as tensões geopolíticas regionais, principalmente Oriente Médio, e manter estável o preço do petróleo já basta para a economia mundial desatolar. Se ele conseguir arrastar o seu país para longe da crise, é o que todos estão acreditando, terá feito uma ótimo trabalho para a economia mundial e, por conseqüência, ao Brasil também.

Ederval Camargo Rocha
Profº de História Colégio Ulbra Palmas, especialista em História Social e mestrando em Desenvolvimento Regional UFT.
edervalcr@gmail.com

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